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Quanto vale uma floresta


Desde 1974, o pecuarista Carlos Eduardo Ribeiro do Valle, 70 anos, é dono da fazenda Mutirão, uma área de 25 mil hectares no município de Paragominas, no nordeste do Pará. Como manda a lei ambiental, Valle sempre explorou apenas 20% da área, o equivalente a cinco mil hectares para a criação de gado. O resto é mata fechada, intocada. Apesar de sempre ter mantido sua propriedade dentro da lei, nos anos de 2007 e 2008, ele foi arrastado para o olho do furacão. Motivo: a Mutirão estava em uma região que encabeçava a chamada lista suja do desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, composta por 36 municípios, no caso, Paragominas. As cidades ficaram na mira da Polícia Federal e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em ações policiais contra a derrubada ilegal de árvores na Amazônia. “Era a época da Operação Arco de Fogo, com muita gente presa e inúmeras madeireiras ilegais fechadas”, afirma Valle. “Foi um tempo difícil, mas também um recomeço para a região.” Naquela época, Paragominas tinha 874 mil hectares desmatados e degradados, equivalente à metade de sua área total.


A partir desse retrato desolador, um grande movimento de produtores rurais conseguiu tirar o município da lista suja e transformá-lo em exemplo de recuperação ambiental. Até hoje, sua história é contada no País e no exterior, e replicada em outros municípios que desejam trilhar o caminho da sustentabilidade. O que eles fizeram? Recuperaram as florestas, plantaram milhões de árvores e revitalizaram pastos degradados. “Pouco antes da Arco de Fogo eu já começava a fazer pasto em sistema rotacionado e lavoura de milho e de capim para confinar a boiada”, afirma Valle. “Aproveitei o movimento e diversifiquei a fazenda”. A diversificação veio justamente da floresta, com o plantio de árvores nativas. Na fazenda Mutirão foram plantados 1,5 mil hectares de paricá, uma árvore que vem sendo estudada como alternativa econômica desde os anos 1990 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre elas as unidades de Belém (PA), Manaus (AM) e Rio Branco (AC). A árvore é uma alternativa ao pinus e ao eucalipto na indústria de painéis de madeira. Neste ano, Valle vai colher a primeira safra de paricá. “Na próxima safra vamos plantar madeira para consorciar a floresta com a pecuária. Quero ver os bois no pasto com árvores e medir o retorno econômico da fazenda”, diz ele. “Estamos plantando paricá para vender no mercado externo.”


Valle não está sozinho nessa empreitada. Como ele, muitos empreendedores e produtores estão de olho em um mercado global avaliado em US$ 21,5 bilhões, de acordo com a Organização Internacional da Madeira Tropical (ITTO, na sigla em inglês). Mas, infelizmente, quem atua dentro da lei, tem de competir com quem extrai ilegalmente. E a zona cinzenta desse negócio é gigantesca. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces), a estimativa é de que o setor madeireiro movimente cerca de R$ 17,5 bilhões por ano no País, dos quais R$ 3,2 bilhões são de árvores retiradas de florestas – 80% deste bolo seriam da extração fora da lei. Resultado: os empresários e os produtores de madeira que trabalham dentro da lei sofrem as consequências no bolso. De modo geral, o metro cúbico de madeira legal, geradora de impostos e mercado de trabalho, custa ao consumidor o dobro da madeira ilegal. Em dezembro do ano passado, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), cotava o metro cúbico de uma prancha de jatobá a R$ 1,2 mil no Pará. “O Brasil ainda é um país predominantemente de florestas, por isso tem o desafio histórico de conseguir gerar renda com elas”, diz a pesquisadora Annelise Vendramini, coordenadora de Finanças Sustentáveis do GVces. “Estimamos que um aumento de dez vezes na área de manejo poderia significar uma injeção de quase R$ 2 bilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do País, além de gerar cerca de 170 mil empregos diretos e indiretos em regiões com baixa renda.” A ilegalidade também inibe os investidores. “O Brasil precisa combater a ilegalidade para ter melhores condições de atrair recursos para o setor.”


No Brasil, o mercado legal da madeira é explorado em áreas de árvores nativas e em áreas cultivadas. De matas nativas, a maior parte da exploração é feita no Norte do País. Já as cultivadas estão espalhadas por vários Estados, incluindo Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No caso de Valle, as árvores são parte de uma parceria que nasceu em 2010 com a Amata, uma empresa criada em 2007 por Dario Ferreira Guarita Neto, 39 anos, hoje CEO da companhia, pela designer especializada em madeira Etel Carmona e pelo biólogo e administrador de empresas Roberto Silva Waack. O portfólio da Amata reúne três tipos de negócios com madeira: além de paricá, hoje em uma área de 20 mil hectares no Pará com outros parceiros, entre eles a sueca Svenska Cellulosa Aktiebolaget (SCA), há 27 mil hectares de pinus no Paraná, 14 mil hectares de eucalipto em Mato Grosso do Sul, todas em formação, e uma área de 46 mil hectares em Rondônia, onde a empresa faz manejo sustentável de madeira nativa. Nessa área, as madeiras são retiradas de locais de preservação, de modo que não afetem o equilíbrio da floresta e permitam o ciclo natural da vegetação. Por exemplo, não é a Amata que determina qual árvore será colhida, mas técnicos do Ibama. “Formamos a empresa porque acreditamos no desenvolvimento de uma economia florestal sustentável como forma de diminuir a pressão que há pelo desmatamento”, afirma Guarita Neto. Administrador com experiência no mercado financeiro, juntamente com os seus sócios, Guarita Neto criou uma holding com a participação dos fundadores e executivos, e conseguiu o apoio de vários fundos de investimento, entre ele o BNDESPar, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fip Urbis, controlado pelo sócio da Natura, Guilherme Leal.


Madeira sob controle

Certificação ainda é pequena nas florestas do País O FSC (Conselho Brasileiro de Manejo Florestal) certifica na origem seis milhões de hectares no Brasil, dos quais 1,2 milhão é de mata nativa na Amazônia. O total representa menos de 1% da área que pode receber manejo sustentável na Amazônia Legal. A área é menor do que o total explorado de forma legal, autorizada pelo governo federal, uma vez que a certificação é um cadastro positivo e não tem relação com a gestão pública, responsável pelas ações extrativistas.Segundo a Organização Internacional da Madeira Tropical (ITTO), entidade intergovernamental que reúne 35 países produtores de madeira vinda de florestas desse tipo e 38 países consumidores, o mercado global de tropical é de 230 milhões de metros cúbicos serrados por ano. Juntos, os países participantes da ITTO detêm 80% das florestas tropicais do planeta. O Brasil produz em torno de 150 milhões de metros cúbicos de madeiras, dos quais cerca de 10% é de madeira tropical de extração. Desse total, apenas 100 mil metros cúbicos são certificados pelo FSC.


Para regular o mercado internacional, recentemente a Europa e os Estados Unidos criaram leis contra a madeira ilegal e chegaram a punir empresas locais por comprar produto sem garantia de origem. Uma delas, na Holanda, foi denunciada através de um movimento liderado pelo Greenpeace. Para fiscalizar melhor as irregularidades, especialmente no mercado interno brasileiro, pesquisadores vem defendendo a revisão de todos planos de manejo.A área de extração de madeira nativa em Rondônia, no Vale do Jamari, veio através de uma licitação junto ao governo federal em 2009, com início da exploração em 2011. Nela, a Amata tem colhido cerca de 20 mil metros cúbicos por ano, em 1,7 mil hectares. Mas, de acordo com Patrick Reydams, diretor técnico da Amata, a empresa tem em seu radar um milhão de hectares de áreas públicas e privadas na Amazônia, que poderiam ser arrendadas, concedidas ou adquiridas para aumentar a produção de madeira nativa.No Jamari, a empresa tem a obrigação legal de explorar 22 espécies como forma de garantir a biodiversidade, contratar trabalhadores locais e manter uma serralheria. “Desse total, 14 espécies têm um mercado regular, como o jatobá, o ipê e o angelim vermelho, as outras precisamos apresentar ao mercado”, afirma Reydams. As madeiras tropicais servem a diferentes tipos de utilização, que vão da decoração até à construção pesada. Um exemplo é o angelim vermelho, utilizado na construção de canais fluviais na Holanda, em razão de sua alta densidade e resistência. “Essa espécie representou um terço do nosso faturamento de 2016 e deve ser metade de 2017”, diz Guarita Neto. Com o dólar entre R$ 3,20 e R$ 3,30, a Amata faturou cerca R$ 12 milhões, em 2016, e R$ 13 milhões em 2015. Quase toda a madeira produzida vai para a Europa. “Somos um negócio, mas ao mesmo tempo formamos uma empresa que acredita no desenvolvimento de uma economia florestal sustentável e isso leva tempo.” Bota tempo nisso. No ano passado, a Amata recebeu um aporte de R$ 116 milhões dos fundos investidores para maturar o negócio. A estimativa é de que o retorno deste investimento virá em cerca de 20 anos.


Não por acaso, o projeto atraiu empresários do calibre de Pedro Villares, presidente do conselho de administração do Instituto Natura, um dos herdeiros do grupo Villares e diretor da GPLeal Holding, que é dona do Fip Urbis. “Nos tornamos investidores da Amata porque queremos ajudar a construir os pilares de um novo capitalismo que, além do lucro, busque resultados sociais e ambientais”, afirma Villares. “A transição para uma economia de baixo carbono é, além de fundamental e urgente para o presente e o futuro do planeta, também geradora de grandes oportunidades para o Brasil”. Segundo Villares, as perspectivas são animadoras. De acordo com o executivo, a Amata está numa fase de construção dos ativos, trabalhando com árvores exóticas e desenvolvendo de forma pioneira um projeto para dar escala a sistemas agroflorestais com árvores nativas.” “Sabemos que negócios em madeira têm um ciclo longo e exigem capital paciente”, diz ele. “Estamos buscando um retorno superior a investimentos em renda fixa e isso deve se concretizar em até cinco anos”.


Amata é uma das três empresas do País que hoje estão certificadas pelo Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC, na sigla em inglês). A certificação é fundamental para o acesso a mercados mais exigentes, como a Europa e os Estados Unidos (leia mais no quadro da pág. 37). As outras duas são a Precious Woods e a Agrocortex.A suíça Precious Woods, mantida por um fundo de investidores desse país, está no Brasil desde 1994 e foi a primeira a ser certificada pela FSC, em 1997. Ela tornou-se dona de 500 mil hectares em Itacoatiara, no Amazonas, em uma época que a legislação brasileira permitia a aquisição de terras por estrangeiros. Além do Brasil, a empresa mantém 130 mil hectares no Gabão. A Precious Woods foi, durante muitos anos, um exemplo das dificuldades enfrentadas pelo mercado legal de madeira, acumulando uma série de prejuízos ao longo de uma década e meia. Entre as maiores dificuldades estava a titulação das terras. Ainda hoje faltam documentos de 200 mil hectares, do total comprado. Foi somente a partir de 2013, com a entrada do suíço Markus Brütsch como CEO, que os negócios começaram a entrar no eixo. “Hoje, queremos ampliar a nossa área de produção no Brasil, mas com concessões públicas e privadas para o manejo sustentável”, diz Brütsch. O executivo, que mantém uma agenda regular de visitas ao Brasil, no ano passado esteve em Itacoatiara por sete vezes. No primeiro semestre de 2016, a empresa teve um lucro operacional de US$ 4 milhões e um crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2015. Nesse ano, a receita global foi de US$ 44,4 milhões, dos quais US$ 11,4 milhões foram no Brasil.


Na área da Precious Woods há cerca de 70 espécies listadas para colheita, das quais 40 são exploradas, mas nunca com menos de 40 centímetros de diâmetro. “Só é possível ser um bom negócio se produzirmos dentro da lei, de forma sustentável”, afirma Brütsch. A terceira empresa certificada, a Agrocortex Florestas do Brasil, era controlada pelo grupo português Domínio Capital até o final do ano passado. Procurada por DINHEIRO RURAL não quis falar.Rômulo Batista, coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, uma das ONGs mais severas em ações contra o desmatamento nessa região, diz que a fiscalização sobre a extração da madeira é um desafio no País, por conta da falta de números atualizados. “Os últimos dados do Imazon, que faz o rastreamento via satélite de desmatamentos, são de 2012”, afirma Batista. Ele aponta como principais problemas a falta de equipes para a fiscalização em campo e a facilidade de falsificação do Documento de Origem Florestal (DOF), licença obrigatória criada em 2006 pelo Ministério do Meio Ambiente para o controle e o transporte de produtos e subprodutos florestais de origem nativa.A ONG fez um estudo que mostra de maneira detalhada cinco formas de fraudar o documento, a começar por inflar os dados do inventário de uma área para criar um excedente que pode ser negociado por fora. “Foi criado um verdadeiro mercado dessas autorizações, com ‘papeleiros’ negociando créditos de desmatamento”, afirma Batista. Para complicar ainda mais, a fiscalização que era federal foi dividida com os Estados. Um dos principais alvos das fraudes hoje é o ipê, cujo valor do metro cúbico embarcado nos portos chega a US$ 3 mil.


Não apenas a produção da Amata, mas toda a madeira certificada no País tem como destino o exterior. As receitas com a venda de madeira têm ficado na faixa de US$ 2,5 bilhões por período, para volumes de cerca de cinco milhões de toneladas, segundo os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Mas não há distinção do que é plantada ou nativa. O Brasil exporta madeira para países como Alemanha, Bélgica, França, Inglaterra e Países Baixos, além de Estados Unidos.O negócio da madeira é polêmico porque a sua exploração bate de frente com a preservação do meio ambiente e a proteção do bioma Amazônico, onde está uma área de 410 milhões de hectares de floresta nos Estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará e Roraima. Mas não é somente essa região. Quando o assunto é desmatamento, entra em cena a Amazônia Legal, que reúne todo o bioma Amazônico, mais o seu entorno: os Estados de Mato Grosso, Rondônia, Tocantins e parte do Maranhão. São 521 milhões de hectares, área equivalente a 61% do território do País. A estimativa é que 18% já foi desmatado, área equivalente aos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde 1988 foram desmatados 42 milhões de hectares. No ano passado foram 798 mil hectares, ante 620 mil em 2015. O que ocorre nessa parte do mundo está nas discussões sobre a função que biodiversidade da floresta exerce no equilíbrio do clima do planeta.


Atualmente, o Brasil tem pouco mais de 1,8 milhão de hectares de floresta pública concedida para o manejo florestal sustentável, divididos em 17 contratos. O objetivo é aumentar a área para 5 milhões de hectares até 2020. Todos são em áreas federais, apesar da lei permitir também a concessão de florestas estaduais e municipais. Marcus Vinícius Alves, diretor de monitoramento e concessões do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), diz que as concessões permitem o manejo madeireiro e não-madeireiro, além de outros serviços ambientais, como o ecoturismo. Segundo Alves, o SFB tem feito ajustes nos contratos, inclusive de ordem econômica, para garantir a viabilidade da atividade. “Como são contratos longos, de 40 anos, precisamos ajustar à realidade de cada momento”. Entre as principais preocupações está garantir que a atividade gere renda nas regiões onde está inserida. O Plano Anual de Outorga Florestal de 2017, feito em meados do ano passado, prevê a concessão 2,3 milhões de hectares ao longo deste ano. “Há incentivo para que as empresas buscam a certificação, porque acaba sendo mais uma garantia de que o manejo será bem executado”, afirma Alves.


No caso das árvores plantadas, o País possui 7,8 milhões de hectares cultivados, que em 2015 geraram um PIB de R$ 69,1 bilhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Árvores (Ibá). Mas, a maior parte desse valor vem da celulose e do papel extraídos de eucalipto e de pinus. As árvores plantadas para fins madeireiros estão em apenas 590 mil hectares, vindas de espécies como teca, mogno africano, araucária, pópulos e o próprio paricá. Patrícia Fonseca, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano, que reúne 35 produtores e uma área cultivada de quatro mil hectares, diz que o mercado de madeiras nativas nobres é um negócio em desenvolvimento. “Um ipê leva por volta de 40 anos para estar em ponto de corte, ao passo que o mogno africano estará completamente pronto por volta dos 17 anos”, afirma Fonseca.Entre os associados está o engenheiro civil catarinense Joerberth Petkov. Ele investe em mogno africano e outras madeiras nobres há pouco mais uma década em Buritizeiro (MG), em uma propriedade na qual havia o cultivo de pinus. “Fiz a colheita dessa árvore e a rentabilidade me pareceu baixa. A maior parte da madeira acabou virando carvão”, diz Petkov. O custo por hectare foi de R$ 5 mil, para uma renda de R$ 13 mil em cinco anos. Em busca de opções, ele plantou 50 hectares de paricá, 30 de mogno africano, 25 de cedro australiano e três de teca. A atividade econômica de ciclo menor da propriedade é a plantação de soja, que toma 450 hectares. Segundo o produtor, a teca e o cedro têm custos de implantação semelhantes ao do mogno, na faixa de R$ 20 mil por hectare em uma cultura de 15 anos, mas perdem em valor e volume para essa madeira. Ele espera colher 270 metros cúbicos por hectare, o que lhe garantiria R$ 80 mil por unidade de área. A animação de Petkov com o mogno africano o levou a adquirir outra fazenda há sete anos, desta vez no município de São João do Itaperiú (SC), para plantar mais 74 hectares. “Escolhi o Estado pela indústria moveleira e para facilitar exportações pelos portos do Sul”, diz Petkov. “Estou fazendo isso já de olho em uma possível certificação, como teria que ser para toda a madeira do País.”


Para a presidente da associação dos produtores, não só o mogno, mas outras madeiras nobres também terão uma produção maior no Brasil, inclusive por conta dos compromissos assumidos pelo País nas conferências climáticas. “O compromisso que o Brasil firmou com o mundo é de um plantio gigantesco de árvores, em um curto período de tempo”, afirma Fonseca. O Brasil pode ser uma alternativa importante, pois outros países produtores, como os da África, têm pouco controle sobre a extração de madeira. O País apresentou metas ambiciosas para a Amazônia Legal até 2030 na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP15, de Paris: zerar o desmatamento na região e reflorestar 12 milhões de hectares com mata nativa. No ano passado, durante a COP16, em Marrakesh, os números foram ratificados e foi enfatizado o debate sobre o financiamento do cumprimento das metas, com a criação de um fundo específico formado pelos países desenvolvidos. O plano é que esse fundo chegue a US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020. “Temos todas as condições de sermos o maior fornecedor de madeiras nobres do mundo”, diz Fonseca. “A exploração de madeira ilegal no Brasil está com os dias contados, porque o mercado não vai mais aceitar isso.”


Sob o farol da Embrapa


Instituição possui uma vasta rede de pesquisas sobre as florestas. Diminuir os impactos ambientais do manejo, os custos de extração e aumentar os rendimentos são algumas das frentes de trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuparia (Embrapa). São várias as unidades que estudam o potencial das florestas e da madeira, entre elas as unidades do Acre e do Pará. A busca é por tecnologias que dêem segurança na exploração sustentável. “Estamos criando uma ferramenta nova de perfilamento a laser para um escaneamento tridimensional da floresta”, diz Marcus Vinício Neves D’Oliveira, engenheiro florestal e pesquisador da Embrapa Acre. “A técnica vai ajudar a mapear a floresta com maior precisão daqui para a frente.”O engenheiro florestal e pesquisador Lucas José Mazzei de Freitas, da unidade Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA), afirma que o Brasil possui uma legislação robusta sobre o manejo das matas, mas que ela não garante a sua qualidade. “A eficiência e a sustentabilidade dependem de um manejo que seja eficiente e permita uma nova colheita 35 anos depois”, diz Freitas. Para ele, além das pesquisas e dos esforços que o País vem fazendo nos últimos dez anos para regular o mercado, as florestas também dependem da estabilidade das leis e do ambiente econômico. “O ganho e a rentabilidade são altos na exploração econômica”, afirma Freitas. “Calculamos uma taxa de retorno de até 40%, mas o investimento para criar as condições ideais de extração e o risco também são altos.” A gestão garante que as árvores sejam colhidas e que se crie condições para uma nova colheita no ciclo seguinte, sem afetar o equilíbrio da floresta.






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